terça-feira, 9 de novembro de 2010

Eu, que amo tanto...

Não sei, sinceramente, se é porque me convém que não faço, ou se é porque dói que evito. Tudo e nada. As figuras que pintamos de tarde, os faróis apagados, o abandono diário que sempre tentei evitar. Metáforas para esconder que quero assumir um amor possível, atualmente. Metáforas para assumir que estou deixando pra trás tudo o que me cativa. Metáforas mistas para tentar mostrar o quanto saboroso poderia ser. Saio como quem procura um sentimento efusivo de que tudo vai passar. Saio para procurar, com toda minha cara de pau, um motivo irônico para não deixar de querer ser. Arranjo desculpas como um mestre em artes marciais. Arranjo promessas como se esquecesse que minto por mentir. Fujo de tudo por não pertenço a nada que esta por perto ou perto de mim. Fujo da rotina que contrabalança meus 40 graus de amor platônico. Perco tudo e enxergo uma miragem real daquilo que perseguiria se não soubesse. Vejo eu não sou nada e então arrumo um tempo para olhar o espelho e retomar a auto frustração. Não quero dizer com todas as letras, mas não quero voltar a mentir. Não quero pensar em amargurar mais 40 anos pensando na imaturidade revivida. Não quero sugar a saliva de ninguém. Não se for só pra entrar pro clube das "pagodeira apaixonada" como se não ouvissem o eco dos risos. Vou penetrar com calma e frieza o bastante para não me doar inteiramente. Vou vagar por ai pedindo centavos e cobrando do mundo um por que para tudo de errei. Vou juntar meus cacos e tirar do fundo do poço cada pedacinho de incerteza do meu corpo punido. Vou amar cada vez mais, mesmo inventando diariamente um sentido menos confuso de ser e estar.